terça-feira, 31 de março de 2009

Psicologia do Desenvolvimento e Educação ao longo da vida






O ser humano distingue-se dos outros seres vivos pelas suas características; pela quase ausência de comportamentos inatos, pela maior capacidade de aprender e pelo gosto em explorar o meio.
O Homem é por excelência um ser criativo e transformador.
Num contexto sócio-espacial de uma contínua interacção com os outros, cabe a cada indivíduo “descobrir o tesouro que há em si”. "Os Quatro Pilares da Educação" - Jacques Delors "... reanimar e fortalecer o seu potencial criativo - revelar o tesouro escondido em cada um de nós. ...".

A Psicologia do desenvolvimento tem como objectivo estudar a génese e a evolução dos processos psicológicos ao longo do tempo, isto é, as mudanças que acontecem com a idade, no fundo, o que muda em nós.
O desenvolvimento é um processo contínuo de mudança psíquica que ocorre ao longo da vida, com consequências ao nível dos valores, atitudes e comportamentos dos indivíduos, enquanto seres sociais.
O Homem é um ser não só estruturado como também estruturante, ou seja, se o contexto sócio-espacial condiciona a forma de ser e estar dos indivíduos, também estes estão “programados para aprender”.

Foi com Darwin que o Homem passou a ser considerado como uma qualquer outra espécie animal ou vegetal, em constante mutação, o que se opôs completamente à doutrina bíblica centrada numa visão do Homem enquanto ser criado por Deus. A ideia central da teoria de Darwin consiste na evolução gradual através da selecção natural. O Homem é um produto da evolução. Tem capacidade de construção, adaptação e plasticidade - a propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência, e como adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos.
O processo de desenvolvimento é contínuo, global e flexível, bastando que cada indivíduo se assuma como construtor e agente do seu próprio conhecimento, é aqui que reside a oportunidade e a possibilidade de formação ao longo da vida.

As pessoas não param de se desenvolver quando atingem a idade adulta e progressivamente tem-se abandonado a ideia da imutabilidade dos adultos, tendo em conta também a própria construção da identidade (que não tem um carácter estático) de cada individuo.

O conceito de formação/educação ao longo da vida deverá ser encarado como uma construção contínua da pessoa humana, dos seus saberes, aptidões, da sua criatividade, da capacidade de discernir e de agir, e porque não dizer de auto-realização e de superação de si mesmo, numa perspectiva construtivista e interaccionista do conhecimento/desenvolvimento, como nos transmite Jean Piaget.
Piaget tenta integrar o “inato” e o adquirido”, valorizando ainda o aspecto sociocultural. Enquanto que a concepção inatista considera a inteligência como um dom natural e hereditário.
O ser humano passa, ao longo da sua vida (sendo ela própria também uma aprendizagem), por processos de organização e reorganização, reprodução e produção, tanto do ponto de vista quantitativo como do ponto de vista qualitativo.

O erro, tantas vezes encarado como uma incompetência, deverá ser tido como uma oportunidade/possibilidade de evolução ou uma etapa do processo de desenvolvimento.

John Flavell introduz o conceito de metacognição dando um carácter multidimencional à inteligência. O treino metacognitivo, que poucos adultos manifestam, dá especial relevo à noção de aluno como aprendiz activo, apto a auto-regular a sua aprendizagem, eficaz na avaliação de problemas e sua resolução, responsável, auto-determinado e independente.

Actualmente, vivemos na era da globalização, as TIC constituem novos lugares de aprendizagem. Da mesma forma o aumento das condições de vida, nomeadamente no mundo ocidental, proporciona e abre espaço para novos públicos e novas necessidades de aprendizagem. Surgiram as Universidades sénior, por exemplo.

O mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, leva igualmente a uma maior necessidade de actualização do conhecimento, não bastando os saberes que conquistámos na nossa formação escolar inicial. A exigência dos saberes é imperativa e, assim sendo, a formação ao longo da vida torna-se cada vez mais pertinente.

A formação ao longo da vida proporciona ainda o alargamento do exercício de cidadania, de motivação e integração.

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